Desculpe?

Nesta notícia, Balsemão diz que: «O exercício sério não é comparar o cenário de privatização com a situação actual da RTP. O exercício sério é comparar o exercício de privatização com uma RTP optimizada».

Percebo a pergunta, mas também percebo a falácia, que faz com que outra dúvida se me levante instantaneamente:

É possível optimizar a RTP sem que seja privatizada? Esta é que é a grande questão! E a resposta salta à vista olhando para o nível de endividamento da estação pública e para os dados da sua exploração. Não, não é! Pelo menos enquanto o estado e os vícios estatais estiverem instalados. Só uma privatização eliminará estes vícios.

Outra declaração importante nesta notícia é esta: «Na altura [em 2002] já se entendia que o mercado publicitário não era suficiente para os três canais. Em 2003, o bolo da publicidade foi de 305,8 milhões de euros, este ano será de 267,3 milhões e estima-se nova queda em 2012. Se no tempo das vacas gordas a situação era muito difícil, no tempo das vacas magras a situação será insustentável».

Isto resulta de um acordo que limita a publicidade na RTP1 a 6 minutos por hora, limitando-lhe receitas, e elimina a publicidade na RTP2. Este facto ainda contraria mais a tese falaciosa do Sr. Balsemão. Então como é que a RTP pode ser optimizada com uma limitação de receitas em detrimento dos outros 2 concorrentes, SIC e TVI? Claro que a entrada de um novo player privado no mercado dividirá as receitas de publicidade, que se estimam que continuem a baixar, a grande questão é perceber o que faz este mercado cair e o que a SIC precisa de fazer para ser mais atractiva que os restantes players. Provavelmente é a SIC que precisa de ser optimizada. E é isso que Balsemão prefere não fazer, optando pela pressão política. Mas a troika não vai nisso. Ainda bem que não vai.