Depois de
terminar o Cândido de Voltaire, que recomendo a toda a gente que se interessa por
a fenomenologia do quotidiano e pelo pensamento das pessoas, parto em direcção a
outras paragens.
Ao ler Voltaire
ficamos impressionados como a sociedade e as pessoas, na sua génese, não
mudaram praticamente nada nos últimos 250 anos. Chega a ser penoso constatar
que alguns dos maiores problemas da sociedade da época sejam exactamente os mesmos
com que nos debatemos actualmente. A actualidade inexorável de um livro escrito
em 1758 é directamente proporcional à genialidade do seu autor. Voltaire, mais do
que um escritor, foi um espectador astuto dos lugares, das sociedades e das
pessoas. Percebeu, quase sem erros, o pensamento e a forma de agir dos seres
humanos, o que as move, as vontades, os problemas, a forma como definem
prioridades. É deveras intrigante ler um livro com mais de 250 anos e ver
reflectido nele tanto de real e actual.
Termina assim:
“Tudo isso está muito
bem, mas devemos cultivar o nosso jardim.”.
Voltando às
coincidências de que falo no título, terminado o Cândido, um Falador me chamou,
convidando-me (sim, às vezes os livros chamam-nos) a ir até ao peru. E pensei –
porque não? Vamos lá.
Constato, hoje, que
também em Janeiro do ano passado viajei para essas partes do globo. Curiosamente
com o mesmo guia.
Assim, desde ontem
que me encontro no país dos Incas, ali por zonas entre Lima e a Amazónia indígena.
O encanto é o
mesmo, a escrita é deliciosamente perniciosa e mais uma vez agradeço a Llosa a
sua existência e os momentos que me tem proporcionado. Ficarei nos próximos
dias a ouvir O Falador.
“Tudo isso está muito bem, mas devemos cultivar o nosso jardim.”
ResponderEliminarAté com o final o Voltaire continua actualizadíssimo!!! Temos de cultivar o nosso jardim todos os dia!!!
Fiquei com vontade de ler Voltaire!!
Encontras-te muito bem situado por estes dias!!!
Adoro coincidências!!