Se, pelo título –
A Queda de um Anjo - poderá vir imediatamente a lembrança da música dos
Delfins, augurando algo de menos de bom ao conto, a originalidade explícita nas
primeiras linhas escritas por Afonso Cruz encarregam-se de, rapidamente,
eliminar tão desagradável lembrança.
Embora o início
prometa mais do que o conto realmente é (a nota final do conto é
despropositada), seria incorrecto não o considerar o melhor conto até agora
desta iniciativa do DN. Sustentado por um alinhamento simbiótico entre palavras
e estrutura, Afonso Cruz leva-nos para o universo onde se sente melhor, o da
originalidade. Escudado numa escrita agradável e com fluência.
Para além de que
demonstra dominar muito melhor a arte literária do conto do que anteriores
autores desta colectânea.
A Moeda de
Gonçalo M. Tavares foi o oitavo conto desta série. Um conto que pode parecer
abstracto ou absurdo, de onde emerge a clara a influência de Gogol e até de
Kafka, mas que no fundo é uma parábola interessante acerca da sociedade e do pensamento dos indivíduos. Além
de que está muito bem escrito. Tinha alguma expectativa e não saiu gorada.
Gostei.
Aguardava com alguma espectativa esta tua critica e bem sabes porquê. Por acaso, e sendo absolutamente fã do Afonso como sabes que sou, também acho que ele tem um "problema de finais". Há livros dele nos quais o final é um rato parido por uma montanha.
ResponderEliminarNeste conto, curiosamente, não acho isso. Acho que é uma forma original de explicar todo o contexto do conto e de uma forma tão fria e real quanto o próprio acontecimento em si, contrastando com todo o universo fantasiado em que vivia a idosa em causa. Enfim...opiniões há muitas e ainda bem. Senão não se vendia amarelo.
Pessoalmente gosto de autores que deixam os leitores ter alguma ambiguidade nas conclusões sobre o que escrevem (não necessariamente nos finais). Neste, existiam tantos sinais, uns mais subtis que outros, ao longo do texto que apontavam para aquela nota final que a achei uma duplicação. O que quero dizer é que eu, como leitor, não precisava da nota para nada, por isso o termo despropositada. Mas o Afonso, como autor, sentiu necessidade de reforçar no final. Mas no fundo não passa de uma percepção pessoal que tive ao ler o conto. Que é de facto muito bom. E isso é que interessa!
ResponderEliminarThanks for coming here!
Venho sempre...mas a maior parte das vezes nem me atrevo a comentar os tuas opiniões sempre tão oportunas e acertadas.
ResponderEliminarKeep on the good job!
Beijoca