Na capa surge a informação que ganhou o Prémio Literário Maria Rosa Colaço
(um prémio de literatura juvenil).
Admito que este não seja o seu melhor livro, e, para bem da sanidade mental
de Afonso Cruz, espero que não seja sequer uma amostra fidedigna das suas
qualidades literárias. Há algumas boas passagens, mas também há metáforas que não têm o mínimo sentido e que conjugadas não deixam o livro embalar para o campo da qualidade.
Não sei se terei paciência e vontade para ler outro livro dele.
Porque se a literatura se cingisse à capacidade de imaginação tenho um tio
que seria um grande escritor.
Há duas coisas boas que o livro reflecte: a primeira é uma página em que aparece o nome de vários
escritores, todos grandes vultos da literatura e que o autor leu; a segunda é a prova
constante de que Afonso Cruz leu muito Borges. Admito que a faixa etária para a qual se dirige o livro não tenha ainda lido Borges ou muitos dos escritores referidos no livro.
Por outro lado, se quiser entrar no universo de Borges, prefiro ler Borges. E
gosto de admitir, por hipótese, que todas as pessoas o prefiram. Porque é
infinitamente melhor.
O final do livro é completamente ridículo e o episódio trágico da personagem Bombo não tem o mínimo cabimento. Mas provavelmente os filhos dele (a quem dedica o livro) vão
dizer-lhe isso quando lerem o livro.
Para não correr o risco de perder o sentido literário da coisa, agarrei-me à
“A Morte de Ivan Ilitch” de Tolstoi que é
de um poder literário absurdo.
Como dizia Thomas Mann: “Os bons livros deviam ser proibidos de ler, pois, existem
os óptimos.”.
Embora este não chegue sequer a ser bom, a lógica mantém-se em cadeia até ao infinito como dizia Borges na "Biblioteca de Babel".
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